A despedida de Marta da seleção em sua última Copa do Mundo

Nas cinco participações que teve, entre 2003 e 2019, com a despedida de Marta, até agora, a camisa 10 balançou as redes ao menos uma vez em cada edição, o que somente a atacante canadense Christiane Sinclair também conseguiu.

A Copa do Mundo feminina deste ano, na Austrália e na Nova Zelândia, tem esse contexto para o Brasil, nossa estrela, que por enquanto faz a liderança entre as gerações passará o bastão.

Ao mesmo tempo em que Marta, maior artilheira da história da seleção estará pela sexta e última vez em um Mundial, outras 11 brasileiras estrearão no maior evento da modalidade, na busca por um título inédito.

A despedida de Marta

Marta, 37 anos, é o elo da atual geração com o time vice-campeão mundial (2007) e olímpico (2004 e 2008). Contudo é a primeira vez que a craque disputa um campeonato deste nível sem ter a volante Formiga e a atacante Cristiane ao lado.

Cristiane, de 38 anos, já havia ficado fora dos Jogos de Tóquio, no Japão, e tornou a não ser chamada por Pia Sundhage, apesar do clamor popular. Na entrevista coletiva que concedeu após a convocação, a técnica não quis comentar a ausência da centroavante.

Além disso, outras 11 convocadas de Pia já disputaram a competição anteriormente, mas o protagonismo entre as veteranas é da alagoana de Três Riachos. Eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo e autora de 17 gols em Copas, sendo a maior artilheira do torneio (masculino incluso).

Quem será a sucessora com a despedida de Marta?

E quem assumirá o trono com a despedida de Marta? Algumas candidatas, as meias Ary Borges e Kerolin, ambas de 23 anos, ganharam espaço após a Olimpíada e se tornaram titulares com Pia. A volante Angelina, de também 23 anos, foi outra a se firmar após os Jogos de Tóquio, para os quais foi chamada de última hora. Por causa de uma lesão no joelho direito, que a deixou fora de ação por quase um ano, a jogadora não integra a relação de 23 convocadas, mas viajou à Copa como uma das três suplentes.

Outra suplente com a despedida de Marta para se ficar de olho no futuro, embora já brilhe no presente, é Aline Gomes. Em um intervalo de somente 11 meses, a meia-atacante de 18 anos completados no último dia 7 de julho defendeu o Brasil nos Mundiais sub-17 e sub-20 (sendo titular em ambos) e foi chamada à seleção principal.

Além de Aline, a lateral Bruninha (21 anos) e a zagueira Lauren (20) – estas presentes entre as 23 convocadas – estiveram no último Mundial sub-20 e ajudaram o Brasil a conquistar o terceiro lugar. Fora da lista de Pia, nomes como os da zagueira Tarciane (20) e da volante Yayá (21). Também integraram aquela campanha, mas foram observadas pela técnica sueca e são atletas com espaço certo nos próximos passos da seleção feminina.

O carreira da treinadora Pia Mariane Sundhage

A proximidade com as seleções de base foi um dos principais marcos do trabalho da técnica da seleção Pia Mariane Sundhage. A treinadora assumiu o cargo em agosto de 2019 e teve a renovação da seleção como meta. Foi a sueca que levou para a equipe jogadoras como a zagueira Tainara (24 anos), as meias Micaelly (22), Jaqueline (23), Ana Vitória (23), Duda Sampaio (22) e a atacante Nycole (22), conseguiram a convocação à Copa, enquanto Tainara, recém-recuperada de uma lesão, foi chamada como suplente.

A própria Pia, aliás, tem no Mundial deste ano a oportunidade de um título inédito. A treinadora de 63 anos levou os Estados Unidos ao ouro olímpico em 2008 (superando o Brasil na final) e em 2012. Na Copa do Mundo, porém, ficou no quase algumas vezes. Como atleta ajudou a Suécia a ficar em terceiro lugar na primeira edição, em 1991. Como técnica foi vice-campeã em 2011, comandando os EUA, derrotados pelo Japão na decisão.

Além disso os números da treinadora no comando do Brasil são significativos. Em 54 jogos, são 33 vitórias, 12 empates e nove derrotas, com 124 gols marcados e 40 sofridos. Em Tóquio a seleção de Pia caiu nas quartas de final para o Canadá, nos pênaltis. No ano passado veio o primeiro título oficial com o time brasileiro: a Copa América, em 2022, que garantiu lugar à equipe na Olimpíada de Paris, na França, em 2024.

Olho nas rivais

O Brasil é uma das sete nações que participaram de todas as oito Copas do Mundo femininas. Na edição deste ano, a primeira com 32 seleções e disputada em dois países, as brasileiras foram sorteadas no Grupo F, com sede na Austrália, ao lado de França, Jamaica e Panamá. A estreia será na próxima terça-feira (24), às 8h (horário de Brasília), em Adelaide, contra as panamenhas. No dia 29, às 7h, as adversárias serão as francesas, em Brisbane. Por fim, no dia 2 de agosto as brasileiras encaram as jamaicanas, novamente às 7h, em Melbourne.

Primeiro adversário do Brasil, o Panamá é um dos oito estreantes em Copas e a seleção pior colocada no ranking da Federação Internacional de Futebol (FIFA) entre as que estão na chave brasileira, na 52ª posição. A equipe da América Central se classificou pela repescagem mundial, eliminando o Paraguai. A convocação do técnico mexicano Ignacio Quintana tem 12 atletas que atuam no país e 11 que jogam no exterior, sendo três na Europa e duas nos Estados Unidos.

Das que estão nos EUA, a defensora Hilary Jaén, de 20 anos, ainda está no futebol feminino universitário. A atacante Riley Tanner, de 23 anos, por sua vez, é a primeira jogadora panamenha a atuar na liga profissional estadunidense, uma das principais do mundo. Curiosamente, ela nasceu em território norte-americano, mas escolheu defender o país natal da mãe.

Seleção da França

Na sequência, as brasileiras enfrentarão a França que na última oportunidade levou a melhor sobre a seleção brasileira de futebol feminino, então dirigida por Vadão, por 2 a 1, na prorrogação. Em relação à edição passada, quando caíram nas quartas de final para os EUA, as francesas têm 11 remanescentes no elenco do técnico Hervé Renard (o mesmo que comandou a Arábia Saudita no último Mundial masculino).

Hervé assumiu o posto em março, substituindo Corinne Diacre, demitida após desavenças com algumas das principais jogadoras da seleção. Um mês antes, por exemplo, a zagueira e capitã Wendy Renard disse que não defenderia mais a equipe sob comando de Diacre. A decisão foi também por outros nomes importantes, como as atacantes Kadidiatou Diani e Marie-Antoinette Katoto.

Mesmo assim, a seleção de futebol feminino da França terá desfalques de peso na Copa, como a meia Amandine Henry (autora do gol que eliminou o Brasil há quatro anos) e as atacantes Delphine Cascarino e a própria Katoto, todas contundidas.

Seleção da Jamaica

A Jamaica, última rival da primeira fase, também não é uma adversária desconhecida. As equipes se enfrentaram na Copa passada, com vitória brasileira por 3 a 0 no duelo que abriu a participação de ambos. Daquele time, são 11 remanescentes, entre elas Khadija Shaw, principal nome da equipe. A atacante de 26 anos defende o Manchester City (Inglaterra) pois foi a vice-artilheira do último Campeonato Inglês, com 20 gols em 22 partidas. Na temporada, incluindo outras competições, porque ela balançou as redes 31 vezes em 30 jogos.

Mas a seleção jamaicana é outra que passou por mudanças recentes (e tumultuadas) de comando, com Lorne Donaldson assumindo o lugar de Vin Blane após as jogadoras da equipe caribenha escreverem à federação pedindo a troca de técnico. Blane, por sua vez, era ele próprio substituto de Hubert Busby Jr., suspenso após acusações de assédio sexual quando trabalhava no Canadá, em 2011. Busby Jr. foi auxiliar da seleção em 2019.

Os dois primeiros colocados do Grupo F avançam às oitavas de final, onde terão pela frente os dois classificados do Grupo H, que tem Alemanha, Colômbia, Coreia do Sul e Marrocos. O time de melhor campanha de uma chave, porque encara o segundo colocado da outra.

Fonte: Agência Brasil

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